terça-feira, 18 de junho de 2013

um post assim a atirar para o lamechas


Vi este filme pela primeira vez há cerca de dois anos, quando passou, algures nesta altura do ano (provavelmente a assinalar o primeiro aniversário da morte de José Saramago), à noite, na SIC, dividido em duas partes. Lembro-me de ter ficado completamente maravilhada com o que vi. Nunca pensei que o Saramago tivesse sido assim. Até àquela altura, não tinha a mínima ideia das suas convicções, não sabia o que pensava, tudo o que sabia sobre ele era o habitual “é um comunista que fugiu de Portugal”, que regularmente ouvia das bocas que me rodeavam. Não fazia ideia da ligação tão doce que partilhava com a Pilar. Não fazia ideia de nada, por assim dizer. Até àquela altura, só tinha lido o Memorial do Convento, e, confesso, não tinha pensado muito mais no assunto. Depois disso seguiram-se O Ano da Morte de Ricardo Reis, o Evangelho Segundo Jesus Cristo, a Viagem do Elefante e o Homem Duplicado.
Para quem não sabe, este filme, uma espécie de documentário, diria eu, retrata o do dia-a-dia de José Saramago e Pilar Del Rio, enquanto este está a escrever a Viagem do Elefante. Mas é muito mais do que um relato do dia-a-dia destes dois. É um filme onde temos acesso à visão que estes têm do mundo, dos outros, do que é importante e do que não é assim tanto, dos valores e do mediatismo que os rodeia.
Entrando agora um pouco numa onda de lamechice, acho que foi um dos filmes que mais me tocou essa coisa a que chamam coração, ou alma, ou o que lhe quiserem chamar. É um filme simples e belo, como as melhores coisas da vida, desculpem o cliché, mas é verdade, e tem o Saramago e a Pilar e não é preciso mais nada. É um filme que nos faz pensar em nós e nos outros e nas nossas relações e no futuro e em tantas outras coisas. É um filme que faz rir e chorar e que hei-de querer voltar a ver muitas mais vezes. Já tive oportunidade de o apresentar ao meu senhor, meio que obrigado, coitadinho, mas acho que ele gostou, se não gostasse as coisas também haveriam de ter ficado feias.
A Pilar e, especialmente, o Saramago passaram a ter um lugar reservado no meu coração e na minha mente, depois de o ter visto e revisto e o mundo só há-de estar perto do fim quando não houverem mais livros dele para ler.

1 comentário:

Ricardo disse...

Surpreendentemente bom, realmente, e nunca me passaria pela cabeça ver tal coisa. :)