sábado, 27 de julho de 2013

Walk of Shame

Ter vivido, nas últimas (quase) duas semanas, dentro de quatro paredes, sem mais ninguém que fizesse ruídos de abrir/fechar portas, música aos berros, falar ao telemóvel aos berros, receber visitas, etc., tirando as minhas deslocações nocturnas, aí, não me importo muito de falar, aí, às vezes, o difícil é mesmo calar-me, e depois voltar a casa, e não sair, e estar lá o silêncio, sempre só para mim, e ter de sair para não morrer à fome, mas as únicas palavras que tenho de proferir, de forma simpática, atenção, são para pessoas que não me vão devolver perguntas às quais não tenho, nem quero, responder, porque eu sou assim, não confidencio com praticamente ninguém, e sou feliz assim, excepto quando me apontam esse facto, aí, vou aos arames, mordo o lábio para não soltar umas caralhadas e sair porta fora e apanhar o avião de regresso às quatro paredes nas quais mora lá dentro o meu silêncio. Porque no fundo a resposta ao lamento "ela não me confia nada" está implícita nesse mesmo lamento: sempre foi assim, nunca fizeste nada para mudar isso, e também não sou eu que vou sair da minha zona de conforto para o fazer, afinal, sou plenamente feliz assim (apesar de não o compreenderes), excepto quando alguém me aponta isso, aí apetece-me soltar umas caralhadas, já disse?

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